Ao som de “Caminho Inverso”, o tempo se apresenta sob as palavras da psicanalista Maria Rita Kehl (Livro 18 Crônicas e mais Algumas), lidas por Renata:

                                                                            “Meu tempo”
Convém que me apresente nesta estréia. Além da combinação única e aleatória de proteínas, aminoácidos, H2O e tal, sou feita de quê? De tempo, assim como vocês. Tempo vivido e tempo imaginado. Feita de passado, o de meus ancestrais, transmitido pelos genes, pela cultura, pelo inconsciente; mais a história de vida que me trouxe até aqui. É só o que temos: um corpo e uma história, já que o presente é uma partícula, deletada tão logo eu acabe de dizer partícula. E o futuro, lamento dizer, não existe. A não ser, é claro, sob a forma de fantasias e projetos. Mas fantasias e projetos são feitos de quê? De restos, fiapos, pedaços não resolvidos do passado. No futuro só o que existe na certa é a morte esperando a gente. Deixa quieto (KEHL, 2011, p. 21)














Quem é Maria Rita Kehl?

Doutora em psicanálise pela PUC – SP. Dentre seus livros estão “Deslocamentos do feminino” (Rio de Janeiro, Imago, 2008, Tese de Doutoramento); “Videologias” (São Paulo, Boitempo, 2004, em co-autoria com Eugênio Bucci); Ressentimento (São Paulo, Casa do Psicólogo, 2004).